terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Recomeçar parte 2

E Imannuel, era solitário. Seu ar meio sombrio afastava as pessoas. Ele não  tinha amigos. Tinha acabado de fazer 18 anos. No colégio,  estava sempre com um livro nas mãos, gostava de ficção  científica. Tinha hábitos  noturnos e um olhar profundo. Seu sorriso não  saía  com facilidade, mas seus dentes  claríssimos encantavam quem quer  que olhasse, mesmo que por segundos.

A maior parte as garotas tentava  chamar sua atenção, outras nem olhavam, temiam seu jeito estranho.  Gostava de roupas escuras  e seus cabelos negros contrastavam com sua pele excessivamente  branca.
Na aula, sentava-se próximo à janela. Os professores gostavam, pois apesar de ser discreto, ele tirava notas excelentes.

Naquela  manhã, ele optou por ficar na cama até  o despertador  tocar  pela quinta vez. Porém, sua mãe  gritou que os novos vizinhos haviam chegado e que iria correndo descobrirá quem eram.

"Minha mãe e sua curiosidade." Pensou ele.
Quando o despertador tocou a quarta vez, ele decidiu levantar e como de costume  foi até a janela, queria observar as nuances do Céu.  Tomou um susto quando notou alguém na janela da casa vizinha, que ficava bem em frente a sua. Era uma garota de cabelos claros, foi só  o que conseguiu notar. Ela parecia ter notado sua constatação.  Tentou  então perceber detalhes, mas estava muito desconcertado para continuar ali. Saiu da janela subitamente. E constatou: " é a nova vizinha". Sorriu consigo mesmo, como se guardasse um segredo sobre aquele momento.  Porém  rapidamente se recompôs  e disse: " eu não  estou pensando isso."

Era domingo. O dia passou rápido, a mudança  havia consumido o dia de mãe  e filha, tentando arrumar tudo elas nem almoçaram, fizeram um sanduíche  com suco de uva e continuaram a organizar.

Às  oito da noite, sua mãe  estava cochilando  no sofá. Mandy olhou-a com ternura e decidiu acordá-la para que fosse tomar banho.

Deitada em sua cama, Mandy ficou intrigada com os olhos que vira pela manhã, sorriu consigo  e levantou saindo em direção  à  janela. Levou um susto  quando deparou-se com o mesmo olhar que parecia aguardá-la na escuridão...

Constrangida, optou por cair na cama e deixar de pensar naquele olhar misterioso que a observava.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Recomeçar

O sol estava começando  a nascer quando Amanda chegou àquela  cidadezinha pacata. Após  a separação  dos pais, ela mudara-se com sua mãe  para o Condado  de San Luís. O clima úmido  e frio, era totalmente diferente do que ela estava acostumada. O litoral, de onde vinha, era quente, o sol brilhava intenso até  no inverno - que de verdade, existia apenas no calendário.

O carro estacionou. A casa era bonita, havia uma chaminé, o que Amanda sempre sonhou, pois o litoral nunca foi  seu ambiente preferido. Vivia visitando páginas  na internet que exibissem lugares frios, chuvosos, florestas densas. Sonhava um dia explorar matas, vestir casacos todos dos dias,  sentar próximo  a uma lareira, procurar madeira para o fogo.

Sonhos: de vários  deles era feita a mente da garota que, na altura dos seus 18 anos, queria muito respirar, viver...

As diversas brigas de seus pais estavam anunciando o que estaria por vir. Ela nunca desejou que eles se separassem, porém  a convivência  estava insuportável.  Quando chegava da escola, ela sempre se deparava com as discussões. A situação  ficou insustentável  quando sua mãe  descobriu os gastos excessivos de Carl, o pai de Amanda. Assim que descobriu com quem ele estava gastando, arrasada, ela exigiu o divórcio.  Estava sendo traída  havia 2 anos. A indiferença  do marido fez Anete desistir de quase tudo, no entanto, sua filha era seu porto seguro, sua certeza  mais profunda.

Dessa forma, a separação foi suportável,  e Anete decidiu satisfazer os sonhos de sua filha,  que sempre quis viver em um lugar que predominasse a chuva; e também sabia que ficaria perto da faculdade que sua garota  desejava cursar.

O divórcio  garantiu uma quantia suficiente para recomeçar  em outro  lugar, além  de alguns imóveis.  A família  era bem estruturada.

Quando desceu do carro, Amanda respirou  fundo. Estava feliz por realizar seu sonho de infância, mas nunca desejou que tudo ocorresse em tais circunstâncias. 

Deixar seus únicos  dois amigos também  não  foi uma tarefa fácil, porém  Mandy (como a mãe  a chamava) segurou o choro e sabia que, de algum modo, os encontraria outra vez.

O Sol  tímido  foi clareando ainda mais o ambiente. Sua mãe  abraçou-a e juntas começaram  a retirar  as coisas do carro. As demais viriam na sexta pela transportadora.

Às  9:00 da manhã, quando arrumava as molduras no seu quarto, Mandy ouviu um barulho, pareciam  vozes vindas da sala; desceu um pouco às  escadas e percebeu que havia uma mulher loira, beirando os 40, que conversava alegremente com sua mãe.  Era sua vizinha - pensou- e estava certa.

Louise era simpática  o suficiente para correr e ajudar a nova vizinha, mesmo sem  nunca terem se visto.
Amanda decidiu voltar e continuar a organização  do seu quarto. Estava sentindo um pouco de frio e percebeu sua janela aberta. Saiu em direção à  mesma para fechá-la.

Quando se preparava para puxar o vidro, deparou-se com a janela da casa vizinha. Notou  que alguém  a observava discretamente. Ele tinha cabelos negros e pele muito branca, àquela  distância  foi só  isso que conseguiu  constatar, embora tenha se esforçado  um pouco para enxergar algum outro detalhe; havia somente uma certeza: ele era o cara mais lindo que ela já tinha visto.

Ambos disfarçaram.
...

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Whetever It Takes

Parecia mais um dia comum, era o segundo dia de aula. Laura preparou o material, correu para o banho e sem esquecer do seu vício matinal, deixou sua cafeteira à  espera. 
Escolheu um vestido confortável e, após  bebericar seu café, finalizou sua produção e saiu.

No caminho, ouvia uma música suave e seu cérebro, como se carregasse um imã, transportou - se para o universo do "Caio".
Quem seria ele de verdade? E por que ela estava tão  intrigada, ou fascinada com a presença  daquele ser tão peculiar. Ela não  sabia, mas estava disposta a descobrir.

Sua primeira aula era na turma dele, ao finalizar os passos, ela simplesmente não  conseguia conter a taquicardia. Que coisa estranha, ela parecia novamente adolescente  e estava ansiosa pelo momento  do intervalo.
O esperado intervalo chegou, e ela dirigiu-se ao pátio no ímpeto  de comprar algo para comer. A fila estava enorme, algumas professoras chegavam e pegavam o lanche sem enfrentar a fila; ela, porém,  achava aquilo muito complicado, pois não  gostava de "furar a fila". À distância, Caio a observava, divertia-se com todo aquele  desconcerto da sua incógnita. Ele, num surto de coragem, afinal era um tímido  irreparável, aproximou-se dela e discretamente falou:
- Oi, Profe, sabia que você  não  precisa enfrentar uma fila?
- Oi! Bom, é que eu não acho muito educado passar à frente das pessoas.  -Falou Laura, quase que sussurrando. Agradeceu com um sorriso a informação, ele se retirou em seguida, intrigado com o senso de educação  daquela mulher.

Após  vencer o desafio da fila, ela sentou-se em um degrau e ficou a observar os passantes. Havia um frenesi no movimento  do lugar, aquela manhã  parecia que logo passaria.
Caio, entre os rapazes, parecia ser muito popular, todos passavam e o cumprimentavam, sorriam e falavam  sobre qualquer coisa. Ela fingia não  olhar para ele, porém  não  conseguia conter seus olhos curiosos que, em certo instante, encontraram  acidentalmente com os dele, então  ela pôde  constatar  que a observação  era mútua.
Um frio na espinha a dominou quando percebeu que ele olhando-a fixamente se aproximava.
Sentou ao seu lado e disse um "oi" que pareceu câmera  lenta aos olhos e ouvidos dela.
- Você  me parece muito popular, não  é? - Laura iniciou uma conversa. 
- Eu tenho alguns amigos. - respondeu ele, com ar retraído. 

...
Segundo dia, eu já tinha concordado em não  perder  um só  detalhe daquela pitoresca professora.  Na aula, olhava atentamente para ela que, de súbito, se aproximou e pegou o meu caderno de rabiscos. Começou  a olhar e pude perceber um fato, uma característica: seu enorme globo ocular. Realmente os olhos dela eram chamativos. Quando ela finalmente parou de olhar meus desenhos, elogiou  cada um e me parabenizou, e a única coisa que eu conseguia era olhar nos olhos dela. Fazia as coisas e não  percebia que olhá-la era automático. Distraído  na minha observação, tomei uma susto enorme quando fui atingido na boca  por um lápis; sem entender muito bem o que tinha acabado de acontecer, vi a Laura me olhando com susto. Estava sangrando. Quem diria que a Mayra seria capaz de me cortar.
Depois de limpar o sangue, continuei minha análise indireta. Quando chegou  a hora do intervalo, tomei coragem e decidi  sentar com ela e conversar. Dentre os assuntos, descobri que ela gostava da minha banda favorita " Imagine Dragons" e por alguns segundos eu quis abraçá-la e gritar: " Um remanescente!!" (quando você  mora em uma pequena cidade do interior brasileiro e decide gostar de rock, deve esperar a solidão), pois o funk acaba sendo modinha. Foi  por isso que me alegrei, afinal de contas, eu tinha acabado de encontrar alguém  que compartilhava do  mesmo gosto musical que eu. Agora ela não  era apenas minha cobaia para as análises, era também  minha amiga de ROCK!

...
Depois de um longo dia, Laura deitou-se sobre o sofá e tentava descansar...sua mente saiu numa viagem,  ao som de Whatever It Takes, ela pensava na vida que sempre quis ter e sobre como havia tomado  rumos diferentes.
Em casa, Caio fazia mais um de seus desenhos, objetivo: impressioná-la. Ouvindo Whatever It Takes, ele orgulhava-se dos seus traços. 
As horas passaram para ambos, a vida seguia seu curso.