Decidi compartilhar com vocês. Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida!
Esta semana em Garanhuns
Aqueles dias em que você sai à
rua, não sabe bem com qual intuito, mas sai. Anda um pouco, olha vitrines,
observa à água caindo na fonte da praça central; ainda ouve buzinas dos carros
encara o semáforo com certa inquietude.
Percebe toda à correria de uma cidade, pessoas indo e vindo, semblantes
preocupados. Do nada você olha pra alguém, e em poucos minutos, se pega pensado
sobre o que ele teria comido no almoço, ou por que se veste daquele jeito,
enfim, sua mente dá voltas e voltas; então você nota que está lendo romances
demasiadamente.
Hoje, pelas ruas da cidade, me peguei fazendo observações
inusitadas, analisei perfis de pessoas na multidão, andei, pensando em cada
detalhe da rua, percebi cores nas ruas, nos ônibus, nos cabelos das pessoas, e,
isso me pareceu estranho. Resolvi dar uma passadinha em uma loja, só pra olhar
os livros e, quem sabe, levar um novo exemplar; eu só não contava com a
situação inacreditável que me ocorreria.
Enquanto olhava os títulos no
suporte, vi um ser magro e de cor parda tocando
meu braço com certa urgência. Eu parei o que fazia e olhei para ela, era
uma menina bonita, cabelos castanhos presos, usava um conjunto azul, uma
sapatilha rosa, tinhas unhas sujas, escuras, um ar tão inocente que chegava a
doer. Disse-me: - moça, moça, por favor, você compra um livro pra mim?
Fiquei imóvel, pensei não ter
ouvido o pedido daquele anjo, até por que a mesma tinha uma falha na dicção.
Então a indaguei: -Um livro, foi isso o que pediu? - Sim. -Respondeu ela
convicta em seu pedido.
Ainda estática, me veio à mente:
" ela poderia ter pedido dinheiro, uma boneca, um chocolate, ou qualquer
outra coisas, porém, ela pediu um livro. Ela não devia ter mais que oito anos.
Olhei-a com ternura e pedi que aguardasse um pouco, enquanto eu providenciava
seu livro. Minuciosamente procurei algo atrativo para uma criança, encontrei,
então um de histórias em quadrinhos. Dirigi-me ao caixa, ela me seguia com os
olhinhos ansiosos. Esperei alguns minutos na fila do caixa, nesse meio tempo,
pude ouvir sua mãe aos gritos: - Maria Eduarda, venha logo! Vamos perder o
ônibus.
Não pude ver seu rosto, apenas,
ouvi a pequena gritar: - Mamãe, já vou! A moça tá comprando um livro pra mim!!
A mãe ignorou à resposta da criança e continuou chamando-a. Ao meu lado, a
pequena Maria Eduarda, tinha olhos grandes que observavam cada detalhe, peguei
um chocolate sem que ela percebesse, e adicionei à compra. Ao terminar o
atendimento, entreguei-lhe o pacote. Com um sorriso comprido e com algumas
janelinhas, ela me agradeceu. Pude ver o rosto de sua mãe quando a vi sair
correndo em direção ao ponto de ônibus. A mãe me olhou e agradeceu. Parecia
feliz com o pequeno mimo. Saí de lá
emocionada. Tantas crianças passando fome, frio, com necessidades tão
imediatas, realidades tão duras; elas querem alimento ou quem sabe um teto. Mas
a pequena Maria Eduarda poderia ter muitas necessidades, entretanto, seu maior
desejo era apenas um livro. Como seria o
Brasil se todas as crianças só precisassem de um livro, quisessem apenas um
livro, pedissem apenas um livro?