quinta-feira, 7 de julho de 2016

O reencontro






Já passava das dez quando o celular de Megan vibrou. Desajeitada, ela arrumava sua estante de livros, sua mente não permitia que organizasse por autor ou gênero, ela organizava de acordo com as cores. Volta e meia lançava um olhar à fotografia que havia colocado em um porta-retrato.  Era o rosto dele, seus olhos marcantes, seu sorriso largo junto ao dela, denotava muita felicidade. Ela lembrava bem a sensação daquele dia: euforia, um frio no estômago, uma chuva de borboletas que não paravam de voar. Sentia-se  enjoada naquele dia. No entanto, seu enjoo era de felicidade. Afinal, não sabia o que era isso desde a sua oitava série. Quando seu coração saltava por Miguel.
Um sorriso largo, ela abriu ao deparar-se com a notificação do WhatsApp, que indicava uma mensagem que dizia:

" Faz um mês, eu não suportei ficar longe se você, meu amor. Eu te espero hoje no mesmo lugar, às 17h. "

De súbito Megan levantou-se é derrubou dois livros que estavam em suas mãos. Seu coração batia no compasso de cavalos partindo para uma batalha medieval. 

"Ele voltou por mim", pensava ela ( em voz alta). Não poderia deixar de ir.
Deixou seus livros de lado e passou a procurar  um vestido que pudesse deixá-la linda.

Dois dias antes***

As horas não passavam. Ele estava inquieto em seu apartamento. O ambiente escuro escondiam suas lágrimas. Chorava pela primeira vez arrependido por ter ido embora, deixado aquela que conseguira mexer com seu coração, depois de todas as noites que dividira com a jovem,  não conseguia lidar com a distância; Megan, em apenas alguns dias, havia transformado o coração de um cara que durante sua vida havia deixado em pedaços os corações de muitas. Contudo, nunca havia se apaixonado.
Ela agora era a mulher que ele amava e não importava o que acontecesse, ele a teria em sua vida para sempre.

O carro estava ligado, as malas faziam-no pensar que algo novo começaria longe dali.
Longas horas de viagem, intermináveis, o sol nascia. Seu sorriso no rosto denotava que estar cansado  já não era mais importante.
As luzes  despontava no horizonte. A cidade estava perto. Os prédios enormes não eram mais vistos. Estava na cidade onde começaria uma vida cheia de amor. E logo ele que sempre desacreditara que isso fosse possível - amar outra vez. Às 15h chegou em Fox, entrou no hotel que havia reservado, era singelo como tudo o que havia naquela cidade pacata, contudo, lhe serviria bem até alugar um apartamento, ou quem sabe comprar um. 
*
A faxina foi feita com grande custo, pois a toda hora ela se perguntava sobre o que vestiria para encontrar o homem que amava, aquele que havia transformado, em tão pouco tempo, a sua  dor em alegria. 
 Após o banho ela escolheu um vestido leve com estampas de aves, ela gostava de pássaros eles lembravam seu desejo de se aventurar. sempre quis conhecer o mundo, mas agora o seu mundo era ele, o Max. 
Decidiu usar o perfume que ele gostava. uma olhadela no espelho e, estava pronta. Suspirou e fechou os olhos, estava louca para abraçá-lo. Seu momento de emoção foi interrompido por uma ligação, era um número diferente, não o conhecia. 
- Alô?
_ Alô, Megan Stevens? 
_Sim, sou eu. Quem é? 
 _ Somos da emergência, a senhora conhece o senhor Max Hade?
_Conheço, o que houve? - perguntou, Megan aflita. 
_ Bom, senhora, eu lamento informar, mas o senhor Hade acabou de sofrer um grave acidente na 107 com a 13. E, bem... - a moça faz uma pausa.  Senhora, ele faleceu. Seu número foi o último contato que vimos, por isso estou ligando. 
Megan já não ouvia o que a outra falava na linha, caiu de súbito no chão. As lágrimas e incredulidade a dominaram. Mas pôde ouvir claramente quando a mulher leu a mensagem que ele havia escrito para ela, dizendo antes que fora escrevendo-a que ele bateu em cheio no cruzamento da avenida. 

" Estou chegado para você. Esperei você por tanto tempo. Eu te amo e..."


Chovia lá fora, no chão da sala, chovia nos olhos de quem havia perdido o verdadeiro amor...



Sempre fui trocada




Acredito que quando escolhemos uma garota para ser a melhor amiga, essa pessoa deveria ficar nessa posição para sempre.

Eu faço um decreto:
Melhoras amigas devem ser para sempre.

MEU NOME É LAILA, TENHO 27 ANOS E ESSA, BEM, ESSA É A MINHA HISTÓRIA.
Na escola eu sempre fui apelidada de muitas coisas, eu nunca fui querida pelas minhas primas, todas as amigas sempre me deixavam no final; e eu nunca sabia o porquê de sempre andar sozinha.

Eu me acostumei com a solidão aos oito  anos, a minha primeira melhor amiga me deixou, seus pais se mudaram para outro estado, então nós não tivemos uma opção.  Tempos depois , ela voltou, mas não era a mesma. Fui trocada por uma garota mais velha.  Aos dez eu fiz minha segunda melhor amiga. Legal, parece estranho, a questão é que  ela também me deixou,  outro estado a esperava.  A Karina   -  esse era o seu nome   -  viveu anos por lá, quando voltou, claro, não era mais a mesma.  Ela estava alta, corpo diferente, olhava-me com indiferença  e passou a andar com as mais velhas.      Honestamente, eu não sei bem a razão, porque as mais e velhas tinham apenas um ano a mais que eu. Mas... 

Quando tinha  11 anos eu fiz outra amizade. Esta durou longos anos, crescemos juntas, conversávamos sobre tudo e todos, eu era cheia de sonhos. E contava todos para ela: fazer faculdade, morar sozinha, escrever um livro, ser independente.  Não sei se isso a deixava muito feliz, pois ela sempre questionava meus sonhos julgando serem de muita prepotência.

Quando fiz 22 anos ela me deixou. Talvez você esteja se perguntando se ela viajou também. Visto que todas as anteriores tinham sangue doce para mudanças de estado.  No entanto, não foi isso que aconteceu. Ela me trocou por um cara. Não, eu não sou lésbica, respeito quem é, porém não sou.
Como amigas, nós compartilhávamos segredos. Eu fui vidrada em um cara durante longos  anos, sempre dividi isso com ela, entretanto, eles se conheceram pessoalmente  e...
Vocês sabem.

Confesso que aquilo me magoou bastante, já éramos adultas, nossos atos já diziam muito sobre nós e não se resolviam tão facilmente como na época da escola.
Eu não a feri com palavras, não bati na cara dela, não quis machucá-la, enquanto isso eu estava em pedaços. Não podíamos ser as mesmas. Nossa relação foi profundamente abalada e ela escolheu. Optou por se afastar de mim. Eu, na verdade, já havia me afastado. Era muita dor. Não consegui encará-la outra vez.
Acabei ficando solitária e triste durante muitos anos.  Compartilhava minha dor com meus livros, filmes melosos e cadernos, às vezes, com as plantas. Elas sabem ouvir direitinho.

Tá, eu não esperava fazer vocês  chorarem  com isso, possivelmente vocês devem pensar que há algo de errado comigo, afinal de contas, ser abandonada tantas vezes só pode ter uma razão.

É provável que esta razão exista, todavia ainda não refleti bem a respeito, talvez eu tenha medo da resposta.
Eu não ia escrever nada hoje, mas estava vendo um filme meloso e quando fico emotiva, quero escrever.  ( Eu não devia ser tão óbvia com o título, mas não sabia o que colocar.).

Boa noite!