O sol estava começando a nascer quando Amanda chegou àquela cidadezinha pacata. Após a separação dos pais, ela mudara-se com sua mãe para o Condado de San Luís. O clima úmido e frio, era totalmente diferente do que ela estava acostumada. O litoral, de onde vinha, era quente, o sol brilhava intenso até no inverno - que de verdade, existia apenas no calendário.
O carro estacionou. A casa era bonita, havia uma chaminé, o que Amanda sempre sonhou, pois o litoral nunca foi seu ambiente preferido. Vivia visitando páginas na internet que exibissem lugares frios, chuvosos, florestas densas. Sonhava um dia explorar matas, vestir casacos todos dos dias, sentar próximo a uma lareira, procurar madeira para o fogo.
Sonhos: de vários deles era feita a mente da garota que, na altura dos seus 18 anos, queria muito respirar, viver...
As diversas brigas de seus pais estavam anunciando o que estaria por vir. Ela nunca desejou que eles se separassem, porém a convivência estava insuportável. Quando chegava da escola, ela sempre se deparava com as discussões. A situação ficou insustentável quando sua mãe descobriu os gastos excessivos de Carl, o pai de Amanda. Assim que descobriu com quem ele estava gastando, arrasada, ela exigiu o divórcio. Estava sendo traída havia 2 anos. A indiferença do marido fez Anete desistir de quase tudo, no entanto, sua filha era seu porto seguro, sua certeza mais profunda.
Dessa forma, a separação foi suportável, e Anete decidiu satisfazer os sonhos de sua filha, que sempre quis viver em um lugar que predominasse a chuva; e também sabia que ficaria perto da faculdade que sua garota desejava cursar.
O divórcio garantiu uma quantia suficiente para recomeçar em outro lugar, além de alguns imóveis. A família era bem estruturada.
Quando desceu do carro, Amanda respirou fundo. Estava feliz por realizar seu sonho de infância, mas nunca desejou que tudo ocorresse em tais circunstâncias.
Deixar seus únicos dois amigos também não foi uma tarefa fácil, porém Mandy (como a mãe a chamava) segurou o choro e sabia que, de algum modo, os encontraria outra vez.
O Sol tímido foi clareando ainda mais o ambiente. Sua mãe abraçou-a e juntas começaram a retirar as coisas do carro. As demais viriam na sexta pela transportadora.
Às 9:00 da manhã, quando arrumava as molduras no seu quarto, Mandy ouviu um barulho, pareciam vozes vindas da sala; desceu um pouco às escadas e percebeu que havia uma mulher loira, beirando os 40, que conversava alegremente com sua mãe. Era sua vizinha - pensou- e estava certa.
Louise era simpática o suficiente para correr e ajudar a nova vizinha, mesmo sem nunca terem se visto.
Amanda decidiu voltar e continuar a organização do seu quarto. Estava sentindo um pouco de frio e percebeu sua janela aberta. Saiu em direção à mesma para fechá-la.
Quando se preparava para puxar o vidro, deparou-se com a janela da casa vizinha. Notou que alguém a observava discretamente. Ele tinha cabelos negros e pele muito branca, àquela distância foi só isso que conseguiu constatar, embora tenha se esforçado um pouco para enxergar algum outro detalhe; havia somente uma certeza: ele era o cara mais lindo que ela já tinha visto.
Ambos disfarçaram.
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